Paixões, paixões...



               Esses dias, conversando com um amigo, o assunto era se apaixonar por tudo, e o comentário dele ganhou meus pensamentos nas horas que se seguiram à nossa conversa. “Tenho pena!” – ele disse.
                 Pena... Por que será a atribuição de um sentimento tão desprezível a uma sensação tão extasiante?! Lá vou eu, sem pretensões, com as minhas teorias...
                 Quando se diz “Estou apaixonado!” não significa, invariavelmente, que se ama. Uma coisa não é outra, nem outra é uma. Embora seja o paraíso quando a paixão se mantém com o amor... aí é felicidade completa na certa. E isso acontece porque vê-lo (a) dormindo é a visão que mais te dá paz; não importa se vocês passaram a noite juntos, se ele (a) sai do banho só de toalha, te arrepia;  mesmo que vocês morem sob o mesmo teto ou se vejam todos os dias, quando você chega em casa depois de um dia cheio, você espera por aquele beijo de cinema. É paixão com amor quando você ainda tem orgulho de desfilar com ele(a) do seu lado, tem ciúmes daqueles de querer bater na cara da(o) sujeita(o) que dá em cima dele (a), mas você se contém e externa só o necessário para não estragar aquele sorriso que faz valer o dia... Que perfeição...!
                ... Mas voltemos às paixonites...
                 ...Estar apaixonado não é a sensação do eterno, é a sensação do momento que pode ou não perdurar. A paixão vira amor, mas acho bem difícil o amor virar paixão... Paixão é aquela falta de porquês e de raciocínio... É instinto.... E nem de longe é o de sobrevivência.
                 Paixonite não dá, de cara, vontade de estar pra sempre do lado. A menos que o pra sempre caiba naquele abraço. Paixonite é aquela sensação de inconsequência, de que em qualquer lugar você vai estar bem se estiver com ele (a). A paixão não prevê discussões para um futuro, não se descreve nenhum acordo... Tudo necessário já está acordado: Os dois. Aqui. Agora. Esse agora que parece que é pra ser pra sempre...
                Na paixão não tem almoços de domingo, só madrugadas de sábado. Não existe pensar, planejar... É agora, não pode esperar. 
                 Com amor ou sem, estar apaixonado é quando os olhos tem sempre o mesmo foco mesmo naquela multidão, quando o cheiro dele (a) inebria, o toque te tira do sério, os olhos te tiram do escuro... E aí aparece aquela vontade de fugir pra uma ilha deserta só com a roupa do corpo. Isso sim é paixão! Os planos deixa pro amor!
                Essas paixões vêm antes do gostar. Desenvolvem-se ou não. E daí se não?! Ora, que se dane! Um dia ruim não mata ninguém. Um dia pensando, e nos casos mais graves de paixonite aguda, chorando... É tudo muito simples... Bota tudo pra fora e deixa ir. Foi uma paixão, não o amor da vida.  E pode acreditar que valeu muito mais um único dia assim do que um mês arrastado com alguém que não te faz perder o controle nem por um minuto.  Feliz daquele que não beija só “pra ver qual é”, mas ansia por aquele beijo. Que se doa sem pensar em quanto vai durar, nem se vai, embora reconheça aquela sensação que só os apaixonados tenham de querer a intensidade do pra sempre, pra essa e pra outra vida, pra depois da outra vida... Porque irracionalidade faz parte da paixão, não a lógica. Feliz daquele que perde o ar, que perde a hora e ganha olheiras e um sorriso largo.
                 Mais feliz ainda aquele que vive apaixonado... Por ele, por ela, por isso, por aquilo, por si, pelos momentos, por ter, por querer, por fazer...
                 E... pena?! Pena tenho eu dos que se contentam com a inércia de sensações e sentimentos medianos; dos que planejam e formulam o êxtase e a intensidade... Tenho pena de ainda ter gente que é digna de pena!

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